Quando eu engravidei do meu segundo filho, o Henrique tinha apenas 7 meses. Eu e meu marido queríamos ter um segundo filho e planejamos ter um pertinho do outro. Não queríamos esperar muito tempo e queríamos que eles tivessem pouca diferença de idade.
Posso dizer que estava mais preparada dessa vez para encarar a amamentação, noites mal dormidas e para lidar com a falta de tempo e cansaço. Mas não tinha ideia de como seria cuidar de dois pequenos ao mesmo tempo em vez de um cuidar de um só. Obviamente, isso seria algo totalmente novo. E esse foi o maior desafio que eu enfrentei! Confesso que foi muito difícil e que houve dias que achei que ia pirar.
Quando o Rafael nasceu, o Henrique tinha 1 ano e 4 meses. Ele ainda era um bebê e precisava de toda a minha atenção, assim como o mais novo. Ele ainda usava fralda, tomava mamadeira e estava só começando a falar. Ele ainda não conseguia se expressar totalmente e usava bastante o choro para conseguir as coisas. E como ele ainda era muito pequeno, não pude prepará-lo como eu queria para a chegada do irmão.
Quero falar para vocês neste post do lado incrível e do lado desafiador, então vou focar em alguns pontos específicos:
- O que continuou igual na transição de 1 para 2 crianças.
- O que mudou.
- O que tem sido difícil.
- O que tem sido incrível.
Quando você tem o seu primeiro filho, tudo é novo e cada situação é uma surpresa. É como se você tivesse sido lançada em uma nova vida e totalmente diferente e precisa constantemente buscar um balanço para lidar com todas as situações novas do dia a dia. Com o segundo filho, você já sabe o que esperar e já conhece muitos dos desafios da maternidade, mas ainda assim você precisa buscar um balanço porque quando nasce o segundo, surgem novos e diferentes desafios. Ainda continua sendo uma busca constante por balanço.
Como já mencionei, a sua vida muda completamente com o nascimento de uma criança. E, sem dúvida, a vida fica mais difícil e desafiadora. A sua vida antes se resumia a cuidar de você e agora você precisa cuidar 100% de outro ser humano. Não importa quantos filhos tiver, a vida sempre será difícil e desafiadora a partir do momento que nasce o seu primeiro filho.
A minha rotina diária mudou completamente. Quando eu estava começando a me sentir mais confortável com a nova rotina e muito mais adaptada à “vida nova”, faltavam apenas algumas semanas para eu ganhar o Rafael. Quando ele nasceu, eu tentei ao máximo não atrapalhar a rotina do Henrique. Como ele já tinha 1 ano e 4 meses, ele já tinha, por exemplo, os horários certos para dormir, brincar ou passear. A rotina dele já estava mais organizada. E, obviamente, quando o Rafael nasceu, tivemos que ficar em casa muito mais, além de ter que organizar toda a rotina novamente porque eu tinha que conciliar as demandas do Rafael com as demandas do Henrique. Isso foi realmente desafiador. Muitas vezes, eu me sentia mal pelo Henrique que tinha que ficar em casa por conta da rotina do seu irmão, que era recém-nascido. Passaram-se muitos meses até eu conseguir encontrar um balanço e conseguir conciliar as duas rotinas, onde eu pudesse suprir as demandas dos dois.
Outro ponto interessante que gostaria de mencionar é o fato de que cada criança é diferente uma da outra e isso tem um impacto direto na forma que você lida com seus filhos. Além de terem idades diferentes, o estilo e personalidade deles são totalmente diferentes. As coisas que fazem um rir, podem não fazer o outro rir. As coisas que motivam um podem não motivar o outro. E a forma que você disciplina um pode não funcionar no outro. Então, você precisa estar preparada para essas mudanças e tentar se adaptar a um novo estilo de lidar e criar seus filhos.
Dividir o meu tempo entre duas crianças tão pequenas foi realmente desafiador. A minha personalidade é de alguém que tenta sempre realizar melhor do que seria esperado. Eu sempre coloco muita pressão em mim mesma para fazer tudo da melhor forma possível. Até em pequenas ações do dia a dia, como arrumar a cama, por exemplo, eu dou o meu melhor. Então, não seria diferente nas questões da maternidade. Eu me cobro para dar sempre tudo que eu posso e quero sempre me dedicar 100%. Quero poder dar amor, atenção, passar conhecimento, proporcionar alimentação saudável, bons hábitos, rotina saudável, uma casa limpa e organizada, entre outras coisas.
Com apenas uma criança, eu conseguia, na medida do possível, atingir isso. Mas com duas crianças, é impossível você dar 100% da sua dedicação a todo momento para cada criança. Não tem como você dar a mesma atenção para as duas crianças, por exemplo. Ou você dá atenção para os dois ao mesmo tempo, como ler histórias para os dois juntos, ou você escolhe para quem vai se dedicar no momento. E isso, automaticamente, tirará do outro. Isso machuca no começo, mas com o tempo as coisas vão se encaixando, vão ficando mais fáceis e você aprende a lidar com essas questões de dividir o tempo.
Outro aspecto que tem sido difícil e que ainda tem bastante a ver com o que eu acabei de falar é o fato de não poder ter tanto tempo one-on-one com cada criança. Certamente, o Henrique teve mais tempo sozinho conosco do que o Rafael, mas ao mesmo tempo ele também sofreu com falta de atenção quando o Rafael nasceu. Com um filho só, você consegue dedicar 100% do seu tempo quando está com a criança e isso não tem preço. Por essa razão, acho importante e fundamental que eu possa tirar um tempo sozinha com cada um sempre que posso. Acredito que eles se sentem especiais e mais conectados a nós. Mas, claro, com a correria e sem a ajuda necessária, sei que é algo complicado de se fazer.
Assim que o Rafael nasceu, eu acabei passando bastante tempo com o bebê e o Henrique passava bastante tempo com o pai. Para mim, não era totalmente ideal porque eu também queria passar tempo com ele, mas pelo menos ele tinha uma atenção adequada.
Outra parte difícil, é que você entra naquela fase de bebê tudo de novo. E, no meu caso, eu tinha acabado de passar por ela. No começo é difícil porque tem a adaptação à amamentação e noites mal dormidas. E depois de uns três meses quando o bebê começa tirar soneca em intervalos de tempo mais regulares, você acaba ficando presa em casa o filho mais velho por causa da rotina do bebê. Eu sempre fui muito exigente com rotinas pois acho que é a base para uma vida mais organizada, então nunca renunciei aos horários de dormir ou comer, principalmente no começo. E sigo isso até hoje porque deixa a minha vida muito mais organizada também.
Por mais difícil que seja esta transição de 1 para 2 filhos, você irá conseguir estabelecer um equilíbrio uma hora ou outra e a partir daí tudo ficará mais fácil. Para chegar a esse equilíbrio, pode ser que demore um pouco mais para algumas pessoas e um pouco menos para outras, mas uma vez que você chega lá, tudo começa a fazer muito sentido e a parte incrível de ter dois filhos um perto do outro vai superar qualquer dificuldade.
Uma sugestão que eu faço para tentar chegar a esse equilíbrio é tentar estabelecer uma rotina que funcione para as duas crianças como também para a mãe. No meu caso, as coisas começaram a ficar mais fáceis quando o Rafael começou a tirar somente uma soneca por dia. Dessa forma, a rotina dele já estava mais parecida com a do Henrique e consegui estabelecer também o mesmo horário para as alimentações diárias dos dois. Quando a rotina está estabelecida, todo o resto começa a ficar mais fácil.
Outra parte incrível é que por mais que as crianças briguem, elas também se interagem e brincam bastante. Pelo fato de eu ter dois meninos com pouquíssima diferença de idade, demorou um pouco para eles começarem a interagir. Quando trouxemos o Rafael para casa do hospital, o Henrique não compreendia totalmente o que estava acontecendo porque só tinha 1 ano e 4 meses. Além disso, no começo, o Rafael era apenas um bebê para o Henrique que não andava e não falava. Mas quando o Rafael começou a ficar um pouco mais independente, os dois começaram a interagir mais. Acho que para o Henrique, o fato de ter um irmão, ajudou-o bastante a desenvolver a sua inteligência emocional e empatia. É claro que tem a parte em que eles brigam também e isso faz parte do desenvolvimento deles, mas só o fato de poder vê-los juntos enche o meu coração de alegria.
Tento aproveitar cada fase porque o tempo realmente passa rápido demais. E me sinto grata de ter podido curtir a fase de bebê novamente com outra criança e com uma nova perspectiva. Com o primeiro filho, dá a sensação de que somos lançadas em uma nova vida e fazemos tudo no piloto automático sem conseguir aproveitar alguns momentos preciosos. Já com o segundo filho, sabemos o que nos espera e conseguimos apreciar esses momentos um pouco mais. Não somente com o mais novo, mas também com o mais velho. Com o primeiro, você sente medo e fica tensa em muitas situações, justamente porque nunca passou por isso. Com o segundo, você já é uma mãe mais segura e confia mais nas suas habilidades como mãe. Então, você já consegue relaxar mais em alguns momentos e sabe mais quando deve se preocupar.
Por mais que às vezes parece que as coisas vão sair do controle, eu faço um exercício diário para analisar o que eu posso melhorar ou até mesmo deixar de fazer para que eu possa aproveitar esses momentos ao máximo. Eles vão crescer e essa fase vai embora em um estalo de dedos, então quero ter a sensação de missão cumprida.